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2ª Jornada Sudeste de Reumatologia 2025: inovação que nasce do cuidado, sustentabilidade que inspira a prática

Por:

Izabella Castro

- 16/07/2025

Entre os dias 26 e 28 de junho, a cidade do Rio de Janeiro se transformou em palco de um dos encontros mais relevantes da Reumatologia brasileira: a 2ª Jornada Sudeste de Reumatologia 2025.

Realizada pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), a Jornada veio em sua segunda edição com o tema “Inovação e sustentabilidade na Reumatologia”, convidando profissionais de toda a região a refletirem sobre o cenário atual e o futuro da especialidade. Mais do que um evento científico e um espaço dedicado à troca de ideias, a Jornada é uma experiência de atualização, reflexão, integração regional e construção de novos caminhos e possibilidades para o cuidado reumatológico.

Neste escopo, conversamos com o José Eduardo Martinez, presidente da SBR, que compartilhou com a DOC os valores que norteiam esta edição, os desafios enfrentados pelos profissionais do país e as ações concretas da SBR para transformar o cuidado reumatológico no Brasil sob a ótica de quem lidera o movimento por inovação com responsabilidade.

  1. Doc: Ao tomar posse, um dos objetivos de sua gestão foi ampliar a contribuição para o avanço da especialidade no país com o fomento da produção científica e a divulgação da ciência promovendo educação continuada dos profissionais de saúde. No entanto, com o excesso de informações de diferentes origens, muitos profissionais, especialmente no começo de carreira, acabam se sentindo perdidos. De que maneira é possível encontrar referências de excelência para a formação continuada em Reumatologia? E qual o papel da SBR nesse processo?

José Eduardo Martinez: O volume de informações publicadas em periódicos científicos é enorme no dia a dia, e na hora que a gente enxerga os artigos, vemos que poucos trazem informações que mudam a prática médica. Apesar disso, alguns são importantes também, porque no futuro poderão trazer repercussões quando, aí sim, haverá alguma mudança. O que nós procuramos fazer primeiro em nossos eventos é trazer profissionais que estudam profundamente cada tema com uma análise crítica da literatura. Esse processo ocorre principalmente nos nossos eventos online e em nas nossas postagens das redes sociais, voltadas para os nossos associados. Por exemplo: a cada grande congresso internacional — como o congresso do Colégio Americano de Reumatologia; da Liga Europeia de Associações de Reumatologia; ou da Liga Panamericana de Reumatologia — colegas da sociedade que comparecem apresentam o que tem de mais novo e mais moderno e como realizar uma aplicabilidade de curto prazo, onde nós apresentamos num curso online para os nossos sócios.

Ainda pensando em inovação, nós temos discutido muito sobre os instrumentos que podem ajudar a melhorar a prática médica. Dessa forma, a iniciativa de fazer uma análise da literatura é uma preocupação constante da nossa comissão científica.

  • Doc: Quando olhamos para o futuro, torna-se um consenso de que os avanços tecnológicos continuarão tendo grande impacto no futuro da Reumatologia, como a evolução de diagnósticos e o monitoramento que oferecem a possibilidade de antecipação de possíveis casos e até de medidas de prevenção para algumas doenças. Quais tendências o senhor acredita que devem transformar a Reumatologia nos próximos anos no Brasil?

José Eduardo Martinez: A gente tem vivido esse avanço tecnológico, desde o contato com o paciente pré-consulta, onde preparamos o paciente para vir do consultório. Mesmo durante a consulta, existem instrumentos que nos ajudam a transcrever as informações, de maneira que a gente possa dedicar mais a atenção à fala do paciente, como prontuários eletrônicos que nos facilitam verificar exames de laboratório e acompanhar a tendência desses exames ao longo do tempo. Tudo isso já está modificando a prática médica. E estamos atentos a essas inovações. Por isso que não apenas nessa jornada Sudeste, mas na jornada Centro-Oeste que tivemos também nesse semestre e com certeza no próximo Congresso Brasileiro de Reumatologia, a inovação será sempre um tema central.

  • Doc: “Inovação e sustentabilidade” são as temáticas principais a serem exploradas na Jornada Sudeste de Reumatologia. Pode compartilhar sobre como foi o processo para a escolha desses aspectos a serem os eixos centrais da Jornada? E de que maneira elas se entrelaçam no cuidado e no bem-estar dos pacientes?

José Eduardo Martinez: Comentei sobre inovação na pergunta anterior, mas eu queria explorar que ela também é trazida para a sala de aula. Hoje nós temos formatos de discussão e de transmissão de conhecimento mais dinâmicos, que substituem um pouco aquelas aulas magnas e as mesas redondas clássicas. Isso está sendo explorado nessa jornada. Sobre a sustentabilidade, é necessário lembrar que nem sempre a inovação traz sustentabilidade consigo. Às vezes, a inovação traz necessidade de mais consumo de energia, por exemplo. Então, discutir essa dupla é fundamental para que a Medicina seja mais bem praticada, mas sobretudo que ela contribua para uma melhor qualidade de vida, não só dos pacientes, como também da população em geral. E a sociedade de Reumatologia, já há algum tempo, se preocupa com isso. Eu diria que é uma das sociedades que está na vanguarda dessa preocupação.

  • Doc: A Jornada Sudeste de Reumatologia teve sua primeira edição em 2023, na cidade de São Paulo. Neste ano, quais são os principais objetivos que a Jornada vai buscar explorar?

José Eduardo Martinez: A sociedade brasileira tem se preocupado com a prática médica em três pilares: O primeiro é um reumatologista bem-preparado. Por isso, nós procuramos dar o maior número de informações técnicas, a maior quantidade de discussão e análise dos dados científicos através dos nossos instrumentos de educação continuada, que não são só os eventos como a Jornada Sudeste, mas também uma plataforma de informação dentro do nosso site, que é a Universidade do Reumatologista.

O segundo pilar é a especialização: promovemos a prova de título de especialista, que é uma priorização a mais e reforça a qualificação do reumatologista como resultado de uma certificação oficial, que pode ser verificado no site do Conselho Federal de Medicina. O colega sendo ou não requerido tem pré-requisitos, faz uma prova prática e teórica rigorosa, garantindo que ele tenha uma preparação para resolver os casos de Reumatologia em geral. Procuramos ser uma influência grande para garantirmos que chegue ao reumatologista ou ao paciente o que tem de melhor no mundo.

O terceiro pilar é justamente nossa preocupação com a questão de sustentabilidade, onde estamos sempre lutando para que o nosso paciente receba aquilo que é mais adequado.

  • Doc: Em sua apresentação para o evento, além da oportunidade de atualização científica e congraçamento, o senhor enfatizou o papel regional nos trabalhos da SBR, onde conhecer as características locais da prática da Reumatologia parece ser o grande mérito desses eventos. Para o senhor, qual é a principal mensagem que os participantes das diferentes regiões do país devem levar da Jornada deste ano para sua prática clínica?

José Eduardo Martinez: A nossa mensagem final é que a Sociedade Brasileira de Reumatologia representa em primeiro lugar o reumatologista. E não só representa como também busca para esse profissional as melhores condições de trabalho e, como consequência, o melhor atendimento para o paciente reumatológico.