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Congresso da SOCESP foi palco de discussões sobre prevenção e tratamento para a doença que mais mata no Brasil

Por:

José Roberto Luchetti

- 11/07/2025

A 45ª edição do Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo – SOCESP, realizado nos dias 19, 20 e 21 de junho, no Transamerica Expo Center, teve a participação de conferencistas dos Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Suíça e Áustria, de lideranças acadêmicas da Cardiologia e profissionais de oito áreas, como educação física, enfermagem, farmacologia, fisioterapia, nutrição, odontologia, psicologia e serviço social e um grupo de estudos em cuidados paliativos. Foram cerca de 900 atividades científicas com destaque para os debates envolvendo as temáticas ESG.

“Estamos atentos às mudanças constantes da nossa especialidade assim como criamos, no passado, a Arena de Inovação e Tecnologia, esse ano, demos um novo passo com a Arena ESG”, anunciou o presidente do 45º Congresso, Ricardo Pavanello.

O espaço ESG que abordou temas ambientais, sociais e de governança e seus impactos na saúde cardiovascular foi estruturado em um domo de 80 metros quadrados, o maior já construído dentro de um congresso médico no mundo. As conclusões destas plenárias foram encaminhadas para a COP30, que ocorrerá em novembro, em Belém do Pará. As doenças cardiovasculares (DCVs) são as que mais matam no Brasil com cerca de 400 mil óbitos todos os anos.

               A presidente da SOCESP, Maria Cristina Izar, lembrou que o evento é o maior encontro da Cardiologia na América Latina. “Temos uma programação vibrante e repleta de novidades com diversas ações e o compromisso da SOCESP com a responsabilidade ambiental, social e ética. Contamos ainda com 10 conferencistas internacionais, entre eles a presidente futura do ACC, Roxana Mehran”, destacou Maria Cristina, uma das maiores pesquisadoras mundiais sobre o coração feminino.

               O 45º Congresso já é tradicional em suas atividades internacionais sendo o único onde o American College of Cardiology (ACC) realiza simpósio conjunto com uma entidade regional, nos demais países do globo, o ACC interage apenas com associações nacionais. A SOCESP ainda promoveu eventos internos com a Interamerican Society of Cardiology, European Society of Hypertension e a publicação Circulation da American Heart Association.

               O evento contou com 7.501 participantes sendo 6.508 médicos, residentes e acadêmicos de medicina, 993 das áreas interdisciplinares da saúde de todos os estados do país. Durante os três dias, foram expostos um número recorde de trabalhos científicos, 1.476, sendo 1.176 da área médica e 300 dos Departamentos Multiprofissionais.  

               Alguns temas tiveram grande destaque na programação e na cobertura da imprensa como a poluição ambiental que é responsável por uma em cada quatro mortes relacionadas ao coração; a conferência de abertura feita pela professora Roxana Mehran de um dos maiores centros médicos dos EUA que abordou o aumento de mortes por DCVs no mundo, inclusive no Brasil; o excesso de atividades e preocupações que levam as mulheres à autonegligência com saúde cardiovascular; e o Registro Internacional de Takotsubo que constatou aumento da Síndrome do Coração Partido entre os homens.

               O evento da SOCESP ainda debateu o estilo de vida e meio ambiente adequado que sejam determinantes para ter longevidade com qualidade; o impacto das questões climáticas, como calor ou frio extremos, que podem afetar o coração; os aspectos sociais, como a violência nas grandes cidades que representam aumento de risco para as doenças do coração ou o racismo, instabilidade habitacional, insegurança alimentar, baixo nível educacional que propiciam o desenvolvimento e agravamento das DCVs.

               Estudos e análises de trabalhos nacionais e internacionais discutidos mostraram que usuários de anabolizantes têm três vezes mais chances de infartar; que o Brasil conta com cada vez mais médicos formados, mas poucos se especializam para atuar nas emergências cardiovasculares; como a nutrição pode auxiliar as pessoas que fazem uso de inibidores de apetite enfrentarem os efeitos colaterais da medicação; e aspectos relacionados aos cuidados paliativos para pacientes com insuficiência cardíaca, entre tantos outros temas.